Traços de uma "workaholic"
Caro leitor, sentar-me às cinco da manhã hoje, com milhões de ideias para compartilhar sobre minha história de luta contra um câncer extremante agressivo, com uma taxa de sobrevida baixa entre os próximo cinco anos parece algo desafiador e motivador. Ecoa em minha mente neste exato momento o câncer não vai vencer. E a pensando já nas possibilidades de você que está lendo isso agora, te respondo, sim! tenho medo! Por meses no auge dos sintomas, o medo me dominava tanto que tinha receio de pegar no sono e não ver mais as pessoas que eu amo.
Para tentar descansar voltava a infância e recordava o programa de um famoso padre na rádio, onde em um momento de fé e aproximação com Deus, ele nos orientava para ir ao colo do Senhor Pai. Assim eu fazia. Sempre mãos dadas com meu esposo.
Podem ser memórias pouco desconexas, mas de grande relevância que trouxeram um certo conforto para mim.
Neste exato momento fechos de luz do amanhecer adentram a janela da cozinha, enquanto escrevo e tomo meu primeiro café da manhã. Hoje em dia estou mais controlada, apenas duas xicaras ao dia, e é aqui que a história de hoje começa mais uma vez. Já falei brevemente sobre mim e minha profissão, que aliás eu amo, e me oferta possibilidades discursivas e oratórias.
Não acredito muito em signos, porém dizem que os nascidos em maio, (geminianos) são falantes. E tal característica compreende totalmente este pequeno ser que vos escreve neste momento, é uma necessidade expor e falar sobre as coisas, compartilhar o meu pensamento, e a minha formação e profissão me possibilitou isso. Mas eu também penso na rotina, autocobrança, traços de uma "workaholic" caso você leitor não saiba, foi um termo designado do inglês para falar sobre pessoas que... Vou usar o termo "vício" em trabalho.
- Rsrs. Sim, a criatura gosta muito de trabalhar e faz disso sua prioridade.
Depois do diagnóstico ( se você leitor também enfrenta a luta, você compreende exatamente o que é este momento) a gente fica se perguntando o que fez de errado para ter a doença! Se foi algo genético, natural ou resultado da negligência.
Infelizmente, eu fui uma pessoa de zero priorização de qualidade de vida, o que pode ou não ter contribuído para tal patologia. Eram horas de trabalho irregulares, sem alimentação adequada, correria para não chegar atrasada. Acho que alguma coisa me faltava e e descontava estas frustações no trabalho.
- Querido leitor não seja assim! trabalhe com amor, mas atribua um caráter qualitativo nos seus afazeres.